domingo, 25 de janeiro de 2009

clássicos clubber


a sala são paulo, na capital paulista, já viu de tudo em seus quase dez anos de existência.

grandes maestros, solistas da vez, estréia de obras brasileiras, novatos e entendidos de música clássica, programas de televisão gravados ao vivo, premiações, festas de empresas.

no próximo 9 de maio, exatos dois meses antes de completar a primeira década, o principal hall sinfônico da américa do sul vai receber o dj anderson noise para tocar com a orquestra bachiana filarmônica do maestro joão carlos martins.

na primeira parte do programa, a quinta de mahler, comme il faut.

pós-intervalo, o dj entra no palco para interferir em obras de mozart, bach e brahms. a orquestra troca o traje formal por camiseta.

a tendência de trazer a cena clubber para a música clássica é isso, uma tendência mundial. está acontecendo em são paulo, rio de janeiro, finlândia, alemanha, londres - por sinal, os londrinos têm o dj gabriel prokofiev, neto do dito cujo.

ainda é cedo para auferir resultados concretos, mas a iniciativa é válida por si, independentemente de criar ou não uma nova platéia para os clássicos.

a simples aproximação destes dois mundos no mesmo espaço de convivência é excelente começo.

no rio de janeiro, desde novembro de 2008, a festa lounge c promove o encontro dos sons eletrônicos com um quarteto de cordas. tem dado bastante certo. faço parte da equipe do projeto e bem sei o tanto que se caminhou para chegar ao formato atual, que ainda não é o final. cada qual faz seu set, dj e músicos clássicos intercalam-se no bar 00, no planetário da gávea.

por falar em planetário, é justamento no planetário de hamburgo, na alemanha, que o dj raphael marionneau promove o evento "le voyage abstrait" toda primeira quarta-feira do mês. um show de planetário estilo multimídia, com trilha sonora que vai do clássico à ambient music e à música eletrônica. são dois sets de 70 minutos cada. é um sucesso desde 2002.

deve-se a marionneau, um francês radicado no país de beethoven, a primeira fusão conhecida e divulgada de música clássica com a cena clubber. em 1996, ele começou uma festa chamada "le cafe abstrait" no club mojo, em hamburgo, juntando chillout e clássicos. criou um conceito, que segue bemsucedido.

cinco anos depois, em fevereiro de 2001, foi dada a largada da festa yellow lounge, promovida pelo tradicional selo alemão deutsche grammophon. adivinha onde a festa da dg começou? em hamburgo. salve, marionneau!

tendo por trás uma grande gravadora, a maior do mundo em termos de música clássica, o yellow lounge se consolida ano a ano, em eventos ao vivo e em discos-mp3s. rufus wainwright foi um dos artistas que já abraçou o projeto de levar clássicos ao público dos clubes noturnos e lançou a sua coletânea de clássicos (que inclui duas faixas compostas por ele, executadas por quarteto).

o século 21, o do pulverizar das barreiras e do destruir dos preconceitos, é também o da aproximação de antigos extremos.

bendito ipod, que aumentou a fome de música. bendida música eletrônica, que acostumou milhões de ouvidos a temas instrumentais de longa duração e com variações.

se a garotada clubber vai ter empatida com mozart em uma sala de concertos, não sei. mas acho que quem experimentar levar música contemporânea para a balada eletrônica pode ter boas surpresas.


2 comentários:

  1. olá heloísa! parabéns pelo blog, é minha primeira vez por aqui.

    em 2007, o regente fábio oliveira, de campinas, e o dj mau mau se juntaram para fazer 'o guarani'.

    o projeto, patrocinado pela gol linhas aéreas, estreou no tom brasil (sp) com a promessa de viajar para outras capitais (o que, se não me falha a memória, não aconteceu).

    você chegou a conferir?

    considero interferências como essas muito interessantes. vou pesquisar sobre as que você citou no post.

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  2. Olá, Heloísa.

    Gostei muito dos teus posts, surpresa boa para mim após horas e horas a madruga afora, descubro o teu blog...

    Eu curto música eletrônica também mas tirando uma ou outra considero um lixo. Aliás, cada um tem o seu lixo musical de estimação, vai do nível de paciência.

    Vou viciado na radio Cultura, e o que me motivou a postar este comentário foi uma idéia que aparecia em minha cabeça enquanto ouvia os programas, de juntar as duas coisas, não fazer um remixagens (essa não, nem pensar), mas sim criar algo novo, trabalhar com as "células-tronco", o melhor dos clássicos.

    Enfim, parabéns pelo blog.
    Até a próxima1

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