terça-feira, 27 de janeiro de 2009

cidadania musical via 0800



a charge acima, feita pelo cartunista laerte para a orquestra sinfônica do estado de são paulo (a famosa osesp), coloca um ponto importante nas relações da música clássica com a sociedade.

com humor, laerte abordou a qualidade da prestação de serviços artísticos e a importância do feedback dos consumidores.

mesmo em tom de brincadeira, a coisa é séria.

se os consumidores de transporte público, por exemplo, têm um telefone 0800 a disposição para criticar e sugerir melhorias, por que não os consumidores de música clássica? a consolidação de canais de expressão voltados para o público de clássicos é algo cada vez mais necessário.

o slogan da própria osesp frisa: "pode aplaudir que a orquestra é sua".

é mesmo sua, minha, nossa. a verba que viabiliza temporadas vem de recursos próprios do governo do estado de são paulo ou por renúncia fiscal via leis de incentivo cultural, que, em última análise, é dinheiro público.

o tal 0800, o telefone para sugestões da charge de laerte, o bom e velho SAC (serviço de atendimento ao consumidor) conhecido das embalagens de leite, conservas, congelados e afins...todos estes canais atualmente pouco utilizados pelo povo dos clássicos remetem ao melhor exercício de cidadania musical.

a recente demissão do maestro neschling tem provocado uma enxurrada de manifestações do público consumidor da osesp.

o caso, como era de se esperar, tomou grande dimensão e mexeu com os brios de diversos tipos de consumidores de clássicos em busca do exercício de sua cidadania musical.

do assinante da orquestra ao crítico do jornal francês "le monde", passando pelo paulistano que paga impostos e nem frequenta os concertos, mas aprecia a existência do projeto de excelência artística como expressão de força da cultura local. todos se manifestaram pela imprensa.

se a osesp já era o que os marqueteiros chamam de "case", pelo seu enorme sucesso e posicionamento referencial dentro da indústria cultural, o episódio da demissão de neschling comprova que o mundo orquestral tem algo a acrescentar em termos de feedback de consumidores.


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