segunda-feira, 2 de maio de 2011

MEC FM: É bom pra Inglaterra, seria muito bom para o Brasil



O que fazer quando a crise aperta e as verbas para manutenção de instituições artísticas e culturais começam a ser cortadas? Essa é uma situação que vem sendo vivida em diversos países, especialmente após a crise econômica mundial de 2008. Aqui no Brasil, o panorama não é muito diferente. É bem mais comum ver uma instituição cultural com problemas de custeio do que feliz da vida com a vida financeira em dia.

A pergunta sobre o que fazer quando a crise chega e as verbas minguam é difícil de responder. Por isso, chamou minha atenção uma atitude da rádio BBC 3, da Inglaterra, especializada em música clássica. A Grã-Bretanha tem passado por cortes radicais nas verbas de custeio de instituições culturais, orquestras inclusive. Pois neste contexto, a rádio pública inglesa teve uma iniciativa muito importante. Decidiu transmitir em todos os dias úteis concertos das diversas orquestras ativas no país. O mais interessante é que esta transmissão de eventos ao vivo de segunda a sexta era uma velha tradição da BBC, que havia sido abandonada há quatro anos, justamente por corte de custos. Felizmente, agora a rádio voltou atrás e retomou o seu papel de vitrine das orquestras inglesas.

O diretor da BBC 3, Roger Wright, disse com todas as letras a razão da retomada das transmissões ao vivo. Ele falou: “Em um momento de crise, quando as verbas para as artes estão sendo cortadas, voltar a ouvir ao vivo nossas orquestras vai possibilitar refletir sobre o espectro e a qualidade do trabalho sinfônico sendo feito no país”. Achei ótimo esse posicionamento. É realmente uma oportunidade especialíssima para avaliar a importância de atividades, ouvir o público local de cada cidade aplaudindo sua orquestra, mostrando como ela é importante e valorizada por aquela comunidade e, quem sabe assim, pressionar políticos pela manutenção de verbas destinadas ao fomento da cultura.

Muito bom ver uma rádio publica cumprindo seu papel de canalizadora e amplificadora das muitas vozes que fazem uma nação. Claro, a Inglaterra é um país pequeno, menor do que o Ceará. Se por lá é importante a mídia colaborar para o conhecimento da produção cultural nacional, imagina no Brasil. E, além desta questão cívica, política, tem ainda uma certa tendência de comportamento e de marketing no sentido de valorizar eventos ao vivo. Veja o caso de sucesso das óperas do Metropolitan de Nova York que são transmitidas ao vivo para cinemas de todo mundo ou mesmo as transmissões da Filarmônica de Berlim direto de sua sala de concertos para a internet.

Ainda que o Brasil seja um país grande, complexo, repleto de idiossincrasias e carente no que tange à redes de troca entre instituições artísticas, não custa tentar vislumbrar o dia em que será possível ouvir ao vivo no rádio concertos de orquestras tão distintas como a Osesp, a Sinfônica da Bahia, a Filarmônica de Minas Gerais, a Orquestra de Câmara do Theatro São Pedro de Porto Alegre, a Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro de Brasíia, a Sinfônica de Barra Mansa, a Filarmônica de Minas Gerais, a Sinfônica do Recife....será que este dia está tão longe assim? Ou será que falta apenas um peteleco para iniciar um processo que traria tantos benefícios para a atividade sinfônica brasileira? Fica lançada a ideia.

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