segunda-feira, 2 de maio de 2011

MEC FM: Violinista multi atarefado encontrou um par no século 19



Que vivemos na era da multitarefa, isso a maioria de nós sente na pele. E não importa muito se você trabalha em empresa, é profissional liberal, já está na aposentadoria, é estudante, funcionário público ou dona de casa. Todos temos dado conta de mais tarefas do que nosso horário parece permitir é fácil nos perdemos em assuntos que não nos dizem respeito, mas por alguma maneira capturam nossa atenção e consomem nosso tempo. Há algumas rotinas que sentem os efeitos da multitarefa de forma mais pungente, como quem trabalha diretamente com internet – é preciso estar atento a vários pontos de interesse ao mesmo tempo.

E o músico clássico da segunda década do século 21, como será sua rotina nesses tempos de multitarefa? Esbarrei recentemente em duas entrevistas do violinista britânico Daniel Hope, que fez parte do Trio Beaux Arts, e, em ambas, o músico tecia comentários sobre responsabilidades que empilham-se uma em cima da outra. Eis um dos nossos! E o seu projeto mais recente foi justamente gravar a obra do compositor e violinista húngaro Joseph Joachim, grande amigo de Brahms, Schumann, Dvorák. Pois já no século 19 Joachim era, adivinha o que?....um multiatarefado!

Daniel Hope observa que Joseph Joachim e outros artistas podem funcionar como modelo de artistas que, já no passado, lidavam bem com múltiplos papéis e múltiplas responsabilidades simultâneas. O caso de Mendelssohn, por exemplo, que já não bastasse desempenhar três funções (compositor, regente e pianista), mas também era um organizador de festivais e fazia captação de verbas. E Robert Schumann que também fundou e chegou a ser editor de uma revista de música que existe até hoje.... Daniel Hope lembra que tocar e ter atividades de fomento do meio musical era algo comum até que o século 20 veio a estabelecer o sistema de estrelato dos artistas. Estrelato que o século 21 mostra ser cada vez menos rentável, com a pulverização dos canais de divulgação de música, a vulgarização de equipamentos de gravação e a incrível velocidade da internet. O artista tende a se ver novamente em várias frentes d eação, protagonizando a divulgação de sua arte. O próprio Daniel Hope é um exemplo disso. Ele escreve livros, produz vídeos para a internet, organiza um festival na Alemanha, é um ativista...além, claro, de tocar violino pelos quatro cantos do mundo.

Sabe aquele sentimento de pressão por conta das multitarefas e seus prazos quase sempre estourados? Acho que não somos só eu e você que sentimos. Algo me diz que Daniel Hope também está nessa.

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