segunda-feira, 2 de maio de 2011
MEC FM: Youtube Symphony Orchestra, festa para olhos e ouvidos
Um dos projetos mais diferentes e instigantes dos últimos tempos é a YouTube Symphony Orchestra, ou seja, a Orquestra Sinfônica do YouTube, o famosíssimo site de vídeos da internet. Houve uma primeira edição em 2009 nos EUA e outra em 2011, na Austrália. Se você não assistiu ainda a edição 2011, eu recomendo fortemente que assista. O vídeo está disponível na internet, basta procurar por Orquestra Sinfônica YouTube e carrega uma página em português. Lá está o concerto completo, com duas horas e 20 minutos de duração. Falando “você vai encontrar o concerto completo”, parece se tratar de um concerto de orquestra como outro qualquer. Mas não é bem assim. Logo no início do espetáculo, o maestro americano Michael Tilson Thomas, regente e consultor artístico da YouTube Symphony, avisa que aquilo prestes a começar não é um concerto comum, mas o ápice da colaboração entre os mundos da música clássica e da tecnologia. A música clássica está lá na forma de uma orquestra sinfônica de 101 músicos, com idade variando entre 14 e 49 anos, originários de 33 países (três deles brasileiros, um violinista, um trompista e um guitarrista),. O grupo foi selecionado pela internet, passou uma semana na Austrália para concertos na Opera de Sidney e também para masterclasses. A empreitada contou com o apoio da Filarmônica de Berlim, das sinfônicas de Londres e de Sydney. O projeto teve um compositor residente, o americano Michael Bates que criou uma obra especialmente para ocasião e patrocínio da fabrica de automóveis Hyundai, cujo slogan mundial é “new thinking, new possibilities” – novo jeito de pensar, novas possibilidades. Tudo a ver com a proposta da Orquestra Sinfônica YouTube.
O grande diferencial desse projeto é o uso da tecnologia a serviço dos clássicos, seja na própria sala de concerto (e fora dela), seja na construção e na divulgação de todas as etapas que levaram até o grande evento final. Durante o espetáculo, a sala de concerto esteve quase totalmente vestida por efeitos de luz e projeções. O lado de fora prédio da Ópera de Sidney, o principal cartão postal da Austrália, esteve o tempo todo também vestido por projeções e grafismos. Um trabalho incrível realizado pela empresa Obscura Digital e pelo artista gráfico Android Jones.
Li um artigo muito bom de David Cutler, músico, compositor, professor e escritor, especialista em empreendedorismo musical. Ele observou como algumas novidades da YouTube Symphony podem funcionar como referência para o ambiente sinfônico. O processo de audição dos músicos de orquestra, por exemplo, costuma ser cercado de sigilo, há casos em que usa-se inclusive um biombo para que o mérito musical prevaleça acima de tudo. A YouTube Symphony optou pelo extremo oposto: os concorrentes postavam seus vídeos, uma comissão selecionava uma quantidade maior de vídeos do que vagas disponíveis e a votação se dava aberta ao público pela internet. Ou seja, exigiu-se dos músicos uma mobilização de suas redes de relacionamento para que as pessoas votassem neles.
David Cutler lembra que, por mais críticas que este processo de votação aberta possa receber, toca justamente em um ponto importante da atualidade que é o próprio músico cultivar o seu público – uma atitude que colaboraria para aumentar a relevância da orquestra na comunidade. Outro aspecto que o autor levanta é a questão do concerto final da YouTube Symphony ter mostrado vídeos dos músicos em suas cidades de origem. O músico deixa de ser mais um integrante anônimo das estantes para aparecer como a pessoa que efetivamente é. E, por fim, a ênfase aos visuais. Uma quantidade grande de recursos humanos e financeiros foi investida na parte visual, fazendo uma verdadeira festa para os olhos.
O público mundial gostou: no dia em que gravei este comentário, só o concerto final da YouTube Symphony já havia sido visto por mais de um milhão e trezentas mil pessoas, fora os muitos outros materiais disponíveis no canal da orquestra, todos com audiência na casa dos seis dígitos ou mais.
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Legal, Heloisa.
ResponderExcluirDe fato, há muita inovação bacana na proposta da YouTube Symphony. Considero, em especial, a promoção luminosa do espetáculo em Sidney e o compartilhamento via Web.
Quanto à seleção dos músicos depender de votação, e, consequentemente, das suas redes, eu acho questionável, se não tiver havido previamente uma seleção ao vivo.
Eu comparo com o sistema acadêmico, em que os concursos para professor e mesmo a seleção de artigos, quando sérios, são anônimos. Assim, o uso do biombo na seleção dos músicos me parece algo bastante louvável.
No mais, só tenho a dizer que gostaria muito que você atualizasse logo este blog, que eu adoro ler.
Forte abraço,
Eliane Lordello.
P.s: Não sei o que está acontecendo no sistema de postagem. Só tenho conseguido postar aqui como anônima. Antigamente, postava pela minha conta de e-mail do gmail. Agora, quando seleciono a opção Conta do Google, ele me remete para uma página do Blogger, como se fosse para eu criar um blog. Eu não quero ter um blog! Quero continuar comentando nos blogs que eu gosto, como este aqui!