lá pelas tantas, o leitor vaticina:
Nós, nesta cidade, nos próximos 2 anos, se quisermos ouvir música de boa qualidade, teremos que visitar frequentemente a Sala São Paulo, onde a Música é levada a sério.
verdade seja dita, Música (maiúscula proposital) é mesmo levada a sério nos headquarters da osesp.
quem pisa na sala são paulo tem a certeza que, ali, o mundo sinfônico é respeitado, reverenciado e, principalmente, inserido à rotina da cidade. você nem precisa assistir a um concerto, basta acessar o hall de entrada. está no ar.
mas isso não foi obra e graça de mobilização social paulistana.
foi, sim, investimento político pesado, sintetizável em uma sigla de quatro consoantes: psdb.
desde 1995, com o governo covas, o psdb determina as prioridades de investimento em são paulo, via sucessiva eleição de seus governadores. são quinze anos de continuidade política, inclusive cultural.
antes de covas, o pmdb de fleury e orestes quercia permitiu que a osesp se esfacelasse.
longe de mim defender o tucanato ou o pmdb ou o pt. o sistema partidário político brasileiro é falido, todos sabemos.
a relação tucanato-politica musical séria em são paulo é evidente constatação. não à toa fernando henrique cardoso é presidente da fundação osesp.
o passo seguinte é a constatação da vulnerabilidade.
muito se comenta sobre a continuidade do projeto osesp sem john neschling. pouco se comenta sobre a continuidade do projeto osesp sem o psdb.
se outro partido assumir o governo de são paulo em 2011, como ficam os R$ 40 milhöes anuais destinados à osesp, sem contar todas as demais ações musicais do governo estadual, como festival de campos do jordão, conservatório de tatuí, projeto guri, ulm, banda sinfônica, jazz sinfônica etc?
o que faria o peemedebista eduardo paes (que já foi do psdb, lembra?) com sua mentalidade "cidade-da-música-é-dispensável" se fosse governador de são paulo e herdasse de seu sucessor uma política cultural que privilegia a música de concerto?
essas malditas letras dos partidos políticos regem nossa vida cultural porque o povo brasileiro ainda não despertou plenamente para um papel ativo nas decisões da sociedade. transferimos completamente o bastão para os políticos que elegemos.
mobilização social aqui ainda carece de muito feijão com arroz.
Nessas horas sinto inveja dos franceses, que fazem protesto até em minuto de silêncio.
ResponderExcluirBj,
"Quem pisa na sala são paulo tem a certeza que, ali, o mundo sinfônico é respeitado, reverenciado e, principalmente, inserido à rotina da cidade. você nem precisa assistir a um concerto, basta acessar o hall de entrada. está no ar".
ResponderExcluirPerfeito! Parabéns pelo Blog.
Um grande abraço D. da Silva
http://www.pianoforte.com.br
"o que faria o peemedebista eduardo paes (que já foi do psdb, lembra?) com sua mentalidade "cidade-da-música-é-dispensável" se fosse governador de são paulo e herdasse de seu sucessor uma política cultural que privilegia a música de concerto?"
ResponderExcluirÈ fácil prever, se considerarmos que no RJ o desdém do governador para com assuntos culturais está ameaçando não só a continuidade do projeto cidade da música, mas verdadeiros patrimônios culturais como o Teatro municipal.
Parabéns pelo blog e pelo trabalho junto à VivaMúsica!
Sabe o que é complicado Heloisa?!
ResponderExcluirQuando o publico se movimenta e demonstra o que quer e não dão atenção a este publico.
Pouco mais de um mês depois disso (o Fica!):
http://www.youtube.com/watch?v=IaShUlAqX18
Onde o publico demonstrou o seu interesse, se mobilizou, colheu assinaturas, se reuniu com autoridades, demonstrou sua opinião na sala de concertos, escreveu emails para jornais e secretarias e demonstraram que como o deputado “estão pouco se lixando para a opinião publica”, fica difícil que se espere uma nova mobilização para qualquer outra coisa.
Tenho te ouvido sempre na Rádio Mec. Ameniza um pouco a saudade. Mas também gosto muito de te ler. Atualizações, please!
ResponderExcluirOlá, Heloísa. Carioca residente em Brasília, acompanho com muita tristeza esse debate sobre a conclusão da Cidade da Música. A política parece ter contaminado totalmente o assunto. Uma obra como essa, mesmo com todos os seus problemas, tem tudo para ser um novo símbolo do Rio e atrair muitos novos visitantes para a cidade, além de reativar a vida musical carioca. Espero que ainda neste ano as obras sejam retomadas e que o projeto original seja seguido, inclusive com a pintura em branco do complexo.
ResponderExcluirMas penso também em outra oportunidade do momento. Se a atual prefeitura tem tanto interesse na revitalização da zona portuária e se a Petrobras há tanto tempo busca um local para erguer a sede de sua orquestra, por que não unir as duas vontades? Ali na zona portuária certamente haverá um espaço bem interessante para se construir a sala de concertos da Petrobras Sinfônica.
Fica a sugestão.
Marcos Magalhães
(magmarcos@gmail.com)