sábado, 7 de março de 2009
queda de energia e mignone à meia luz
o compositor paulista francisco mignone (no alto, em foto do arquivo da revista life), um dos grandes do século 20, foi executado na noite desta sexta-feira, na sala cecília meireles, no rio de janeiro, à meia luz.
sua belíssima "festa das igrejas" estava na abertura da temporada 2009 da sala, com orquestra sinfônica brasileira regida por roberto duarte.
a noite começou com o "concerto para piano", de john corigliano. sergio monteiro foi solista. depois, "suite l'arlesiene", de bizet, e, finalmente, mignone.
antes de executar a "festa", o maestro dirigiu algumas palavras ao público.
lembrou sua estreita relação com o compositor, de quem foi assistente e sob a influência de quem decidiu optar pela carreira de regente. ao terminar a breve colocação, duarte olhou para cima, mãos em oração, e disse: "obrigado, mignone". foi um momento bonito.
iniciada a peça, ainda no primeiro movimento, a iluminação falha. e falha novamente. e acaba. sala cecília meireles às escuras. não há gerador no local.
o diretor da sala informa problemas com fornecimento de energia no bairro da lapa. a rioluz, órgão de iluminação pública, já estaria em ação.
músicos e regente no palco, público na platéia, certa tensão no ar. em menos de cinco minutos, cessa o escuro. a luz volta, tênue, devido à queda de duas fases. mas parece suficiente para leitura de partituras. roberto duarte recomeça.
e assim, ouviu-se mignone à meia luz na lapa.
a queda de energia literal me fez pensar na queda de energia metafórica no circuito de concertos do rio de janeiro.
com theatro municipal fechado para obras e cidade da música transformada em ponto de interrogação, a baixa energética do rio clássico é evidente. e, por aqui, gerador não é costume.
o único palco sinfônico fica sendo a sala cecília meireles, local ideal para....música de câmara.
mas não há alternativa. o segundo município mais populoso do país, com população superior a 6 milhões de habitantes, tem hoje apenas um espaço apto a receber orquestras.
será que nisso a rioluz também dá jeito?
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Estavamos muito contentes com o clima festivo e de confraternização ontem na Sala Cecilia Meireles, marcando o início da programação 2009, quando notamos falhas num dos spots de iluminação do palco até acontecer o "apagão". Não existe um gerador!!!Também não pude deixar de associar esta precariedade ao descaso da gestão cultural pública desta cidade.
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