terça-feira, 16 de junho de 2009

a rica holanda e o pobre rio de janeiro

a fala da diretora artística do contergebouw de amsterdam no congresso da ispa em são paulo, semana passada, tocou em um ponto de extrema relevância, lá, cá e em qualquer lugar.

ela comentava sobre o aumento da oferta de assentos de música clássica na holanda. em determinado período de tempo, a oferta aumentou em cerca de 10.000 assentos, devido à construção de novas salas e halls de concerto.

isso gerou uma concorrência para a qual o concertgebouw não havia se planejado. a população holandesa que se interessa por concertos agora tem que se dividir entre uma opção maior de clássicos do que há uma década.

o concertgebouw começou a enfrentar a questão de cadeiras vazias no teatro e precisou se movimentar.

fiquei pensando sobre a realidade em são paulo e no rio de janeiro, nos últimos dez anos, com relação a equipamentos culturais disponíveis para receber música clássica e como eles mudam a biosfera musical.

sem contar espaços menores, são paulo viu, nos últimos dez ou quinze anos, a construção da sala são paulo, do teatro alfa, do auditório ibirapuera e reforma do theatro são pedro.

isso estimulou a entrada de novos players no mercado, aumentou a oferta de programação clássica e, consequente, aumentou o patamar de cachês e remunerações pagos.

no pobre rio de janeiro, o que ocorreu de novo no mesmo período?

algum local para concertos foi construído? negativo. muitos foram remodelados? hum, não exatamanente. houve os que fecharam ou diminuiram sua oferta de programação clássica? sim, sim!

uma sala de concertos reestrutura o cenário cultural da cidade onde se localiza. não à toa o projeto da osesp sempre esteve atavicamente associado ao hall sinfônico que a abriga desde 1999.

enquanto isso, a cidade da música apodrece na maresia da barra da tijuca.

o que a diretora do concertbegouw teria a dizer a este respeito?

Um comentário:

  1. helô, a única coisa que não gostei deste post foi o título, que faz parecer que o problema é dinheiro quando o cerne da questão é política pública. os holandeses têm, além de muito dinheiro, a compreensão de que é preciso investir no setor. o rio de janeiro, neste caso, tá mais pra pobre de espírito.

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