terça-feira, 1 de junho de 2010

itinerância orquestral: mixed feelings

estava editando hoje o texto "brasil clássico em junho, off rio-sp", apurado e escrito por meu assistente, o jornalista eduardo carvalho, quando me deparei com o seguinte texto:
Fechando o mês, o conjunto fará duas turnês estaduais, passando por cidades como Tupaciguara (17/06), Araguari (18/06), Uberlândia (19/06), Pouso Alegre (24/06), Alfenas (25/06), Poços de Caldas (26/06) e Guaxupé (27/06).

o texto se refere à itinerância orquestral da filarmônica de minas gerais neste mês de junho.

itinerância orquestral é o tipo do assunto que me desperta mixed feelings.

por um lado, adoro ver os grupos circulando por seus estados, às vezes pelo brasil e, raros casos, por outros países.

o que mais gosto mesmo é a circulação dentro do estado de origem da orquestra. quanto mais fora do espectro da capital, mais alegre fico em receber e divulgar a notícia. como nesse caso da filarmônica de mg: eles vão levar música clássica a tupaciguara, no norte do triângulo mineiro!

por outro, fico intrigada e encafifada por que orquestras com sede no rio de janeiro pouco ou nada circulam por nosso estado. é mais fácil ouvir a orquestra sinfônica brasileira em são paulo do que em niterói ou petrópolis.

ok, é mais fácil arranjar as condições adequadas para receber a osb em são paulo do que em niterói ou petrópolis....

mas, sei não, esse complexo de guanabara que ainda assola nossa capital e nos faz dar insistentemente as costas para o estado do rio bem que poderia ser diferente no que tange ao mundo orquestral.

no dia em que eu receber um release de itinerância orquestral por nova friburgo, campos, paraty, barra mansa, cabo frio, natividade e afins, serei uma jornalista mais feliz.

4 comentários:

  1. Concordo com você, Heloísa, é fundamental distribuir a cultura pelas cidades do interior do estado. Afinal, não estamos mais no tempo em que era preciso ir à Côrte para ouvir um concerto.

    A propósito, no interior de Minas Gerais há programação constante de clássicos na Sé de Mariana, nos seguintes horários: sextas, às 11:30; domingos, às 12:15. Sempre que posso, vou lá. Na minha última viagem, estive na plateia e o programa era este:

    G. Böhm (1661 – 1733) – Prelúdio em dó maior;
    G. Böhm (1661 – 1733) – Ária: Jesu du bist allzu schöne (partita)
    G.P. Cima (c. 1570 – fl. 1622) – Sonata em sol.
    F. Veracini (1690 – 1768) – Sonata Sesta. Fantasia. Alemanda. Pastorale. Giga.
    B. Storace (Séc. XVII) – Ciaccona.
    Albinoni/Walther (1674 – 1745) – Concerto em si bemol maior. Allegro. Adagio. Allegro.

    Os músicos eram os seguintes:
    Violino barroco: André Cavazotti.
    Órgão Arp Schnitger e cravo: Josinéia Godinho

    Depois do concerto, a Josinéia Godinho explica o funcionamento do Órgão Arp Schnitger, inclusive respondendo às perguntas da plateia, o que é muito didático e, a meu ver, cativa enormemente o público.

    Um abraço,
    Eliane.

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  2. Oi Heloísa,

    Vindo de mais uma viagem, novamente escrevo para contar o que vi pelo interior de Minas Gerais. Em Ouro Preto, estava acontecendo o IX Festival Ouropretano de Bandas, com apresentações públicas na Praça Tiradentes, realizado pelo Museu da Inconfidência. Na noite de sábado, assisti ali a apresentação da Banda Sinfônica do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás. Formada por gente novinha, moçada mesmo, a banda tocou com muito ânimo, muita dedicação. Os regentes eram Roberto Wagner Millet e Marshall Gaioso. O concerto foi gravado ao vivo pela rádio Província, que o transmitiria no dia seguinte, em seu programa dedicado a bandas. O repertório incluía clássicos e populares e sua apresentação foi feita por Mary Angela Biason.

    No domingo, fui assistir ao concerto do Órgão Arp Schnitger, com a organista Josinéia Godinho, na Sé de Mariana. Como sempre, fiquei para a ótima explicação sobre o instrumento, que ela faz ao final do concerto. Para não perder o costume, passo a transcrever o programa desse concerto.

    J.S. Bach (1685 – 1750) – Prelúdio e fuga em si bemol maior.
    S. Scheidt (1587 – 1654) – Variações sobre uma Galharda de John Dowland.
    M.R. Coelho (1555 – 1633) – Dois versos sobre “Ave Maris Stela”.
    A. Soler (1729 – 1783) – Sonata n° 49 em ré menor. Andantino.
    G. Fr. Händel (1685 – 1759) – Chaconne em fá maior.
    Gentili/ Walther (1685 – 1748) – Concerto em lá maior. Allegro. Adagio. Allegro.

    Espero viajar mais em breve, e então voltarei aqui para compartilhar com você o que vi e ouvi.
    Um abraço,
    Eliane.

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  3. Oi Heloisa,

    Queria comentar aqui mais um evento musical em cidade do interior do Brasil. Desta vez, escrevo sobre a cidade de Goiás, patrimônio mundial, onde passei o feriado prolongado de 12 de outubro.

    Acontecia por lá o 6o Encontro de Corais da Cidade de Goiás – Darcília Amorim. As apresentações tinham lugar nas igrejas, no Cine Teatro São Joaquim, e também ao ar livre, caso do recital Coral com Por do Sol, no adro da Igreja de Santa Bárbara.

    Uma característica que achei muito positiva no evento foi a de receber corais de vários níveis de maturidade, de lugares diversos. Penso que corais mais maduros podem incentivar e contribuir para o aprimoramento dos corais de formação mais recente e menos experientes, e que a diversidade de origem torna o encontro mais rico.

    Infelizmente, devo registrar dois aspectos negativos do evento, mas o faço com a intenção de contribuir com uma reflexão para as próximas edições do encontro.

    O primeiro é o pouco preparo notado em parte do pessoal de recepção, talvez devido à inexperiência da pouca idade. O fato é que algumas pessoas da recepção em alguns momentos pareciam esquecer que ali estavam profissionalmente, a trabalho, dando lugar a comportamentos inapropriados.

    O segundo é a falta de uma conversa preparatória antes das apresentações, que conscientizasse o público para o conceito do evento: um ENCONTRO de corais. Sim, porque a plateia comportou-se, em muitos momentos, como uma torcida. Essa torcida gritava o nome dos maestros dos corais que queria prestigiar e fazia valer suas preferências por brados. Isso aconteceu, por exemplo, no Cine Teatro São Joaquim, em 11 de outubro. Além disso, o silêncio era o que menos se percebia na plateia durante as apresentações, e movimentação do público também atrapalhava a boa audiência.

    Os eventos culturais são da maior importância para a conservação e a vitalidade das cidades históricas, e sua promoção é fortemente recomendada em cartas patrimoniais. É em nome da consciência da imensa importância que um evento como esse tem para a cidade de Goiás, que faço questão de registrar aqui essas minhas impressões.

    Vale dizer que Goiás é notabilizada não somente por seu lindo e relevante acervo patrimonial, sua paisagem, seus doces, mas também pela receptividade de seu povo.

    Por fim, queria destacar algumas apresentações, sempre fazendo questão de lembrar que sou arquiteta e urbanista e que minha relação com a música é tão somente de ouvinte.

    Como o número de corais participantes era muito grande, vou destacar apenas um coral, aquele que a meu ver sintetiza muito bem as características de um coral maduro, profissional e de admirável seriedade e dedicação: o Coral da UNB.

    Tive a felicidade de ver duas apresentações desse coral, ambas excelentes, e gostaria de destacar a competência e simpatia do regente, os solistas altamente inspirados, que abrilhantaram ainda mais o ótimo trabalho conjunto. Além de tudo isso, uma das solistas, Elisa Silveira, nos proporcionou um lindo momento instrumental, ao piano. Memorável.

    Muito obrigada, Heloisa.
    Boa noite, um abraço,
    Eliane Lordello.

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  4. Heloisa claro que o espaço do estado do RJ,como do subúrbio também devem ser pensados como mercado.Quando o mundo da indústria rende-se ao público da classe C e D,as orquestras os ignora.O mundo dos shows o Brasil deixou de ser opção secundária,grandes artistas internacionais circulam em nosso território,dividindo espaço com os nossos artistas.Acho que estamos em momento ímpar na arte desse país.Nunca imaginei ver filas para assistir cinema nacional,como o caso do Tropa de Elite.Pequenos grupos de orquestras poderiam viajar pelo estado ou país e aproveitar esse segmento que está crescendo e avido por novidades.Não podemos peder o bonde da História.Conhecer esse povo,entendê-lo atingi-los de forma mais eficiente.Gosto muito do projeto Mestre Athayde da Opes que leva música as Igrejas,mas acho muito presa as Igrejas do centro,zona Sul e no máximo Tijuca.Projetos como o metrônomo e os ensaios abertos são interessantes.Levar esses projetos as escolas,ainda mais agora que o projeto de educação musical foi aprovada,oferecer ajuda e parcerias com o Município e o estado,pode ser um excelente caminho para formar plateias.Principalmente as crianças de 4 á 7 anos,vejo algumas nos ensaios abertos.Não vejo outro caminho.Todo artista tem que ir aonde o povo está.Será que as orquestras estão realmente aonde o povo está?

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