li hoje três artigos na mídia on-line internacional que, juntos, dão um caldo interessante quando se pensa em cidade da música.
>> texto no musicalamerica.com sobre a inauguração de uma nova era na new world symphony de michael tilson thomas a partir de - e para além da - sua nova sala de concertos que fica pronta em outubro, em miami;
>> matéria em um certo the australian sobre o astronômico orçamento de 800 milhões de dólares para salvar a ópera de sidney da degradação total de sua infra-estrutura;
>> artigo no the wall street journal sobre o desenvolvimento de público para ópera em hong kong tempos antes de um novo complexo cultural ser inaugurado.
michael tilson thomas anuncia a inauguração do novo hall da new world symphony e, junto com o local físico, propõe uma nova postura da orquestra nestes tempos de internet consolidada. o discurso é do tipo "vamos tratar de fazer música clássica além da sala de concerto, para a enorme quantidade de gente que se interessa mas não frequenta". em tempo: a nova sala projetada por frank gehry senta apenas 756 pessoas.
povo da liga das orquestras americanas bate nesta tecla há tempos, mas não se referindo necessariamente a utilizar web e redes sociais para difundir música sinfônica. a liga insiste que a orquestra tem um papel fundamental para a sociedade como um todo e não apenas para as poucas centenas que frequentam seus concertos. eles usam um conceito que acho ótimo: a orquestra deve assumir o papel de "usina de música" de sua comunidade. uma vez que requer uma quantidade grande de recursos para existir, a orquestra pode e deve estar ao alcance de todos....e, para tal, precisa ir até eles. enquanto não compreender isso e mergulhar de cabeça na rotina da cidade, vai ser vista e sentida como arte para poucos. vai perdendo importância com o passar do tempo.
o novo hall da new world symphony foi completamente projetado para os meios de comunicação do século 21, possibilitando transmissões on-line e também para mil pessoas do lado de fora do prédio, telões no palco para projetar as notas de programa e closes dos músicos enquanto tocam.
essa realidade americana me fez pensar, meio chocada, no complexo cultural cidade da música, no rio de janeiro, tomando maresia nas estruturas fechadas desde sua inauguração fake, em dezembro de 2008.
já o artigo sobre a degradação da ópera de sidney, cartão postal da austrália para o mundo, também fez lembrar um pouco o debate - falta de debate, melhor dizendo - em torno da cidade da música.
o complexo cultural de sidney é lindo do lado de fora mas, pelo jeito, micado do lado de dentro. levou quase 15 anos para ser completado (1958-1973) e seu projeto original sofreu inúmeras modificações. passados mais de 35 anos de atividades, são necessários 800 milhões de dólares para garantir que o Teatro de Ópera (um dos espaços do complexo) funcione com eficiência e segurança, voltando ao projeto original que havia sido descaracterizado durante a construção. só um túnel de acesso para caminhões transportando equipamentos fica em 152 milhões de dólares. cifras astronômicas.
por último, o artigo do wall street journal fala do trabalho de formiga de um homem chamdo laurence scofield, visando despertar interesse do público de hong kong para a cena lírica. está sendo construído naquela cidade um grande complexo cultural que envolve teatro para ópera. como os chineses não são exatamente fãs da ópera ocidental, que mágica fazer de modo a garantir que a sala de 2.000 lugares fique cheia quando abrir em alguns poucos anos?
e não é que isso também me fez lembrar da cidade da música? há quem ainda acuse o projeto de estar cravado na zona oeste, mais especificamente na barra da tijuca, área do rio de janeiro em que a música clássica não teve ainda a sua vez. por outro lado, uma área de enorme ocupação populacional. "de que serve tanta gente, se eles não gostam de música?", é o que tem se ouvido por aí.
laurence scofield tem sensibilizado o público de hong kong organizando, por lá, as sessões de cinema com óperas do metropolitan de nova york (aqui no brasil, elas passam desde a temporada passada). scofield compreendeu que é preciso oferecer ópera para que as pessoas possam decidir se gostam ou não do gênero. a surpresa é que, ao contrário dos prognósticos, a coisa está funcionando por lá. a sala onde são exibidas as sessões de cinema senta apenas 125 pessoas. com o tempo, o projeto está crescendo.
terça-feira, 8 de junho de 2010
quinta-feira, 3 de junho de 2010
tosse em concertos merece reflexão
fui ontem ao concerto de nelson freire com petrobras sinfônica na rio folle journée. ele tocou o segundo de chopin (compositor homenageado pelo festival-maratona este ano) e, depois, a orquestra fez a quarta sinfonia de schumann.
só consegui ver a performance de nelson e, ainda assim, meio desconcentrada.
quase toda minha atenção dirigia-se a controlar a tosse que me aflige desde domingo, fruto do vento do mar de copacabana durante concerto do projeto aquarius.
no início da sinfonia, tive de sair da sala para tossir e não consegui mais voltar.
sentei nos sofás redondos do hall de entrada do municipal - antes amarelos, pós-reforma eles agora são verdes -, onde fiquei por alguns bons minutos apreciando detalhes do restauro do teatro, enquanto meus amigos apreciavam o schumann de isaac karabtchevsky.
salas de concerto costumam reunir incomum quantidade de pessoas com tosse. vá ao teatro ou a uma sessão de cinema e o número de gente tossindo não é tão grande.
todos temos nossos dias de gripe e resfriado, especialmente nos momentos mais frios do ano. muitas vezes estes dias coincidem com concertos imperdíveis, como era o caso de ontem.
mas, sei não, acho que a tosse nos concertos merecia uma reflexão mais aprofundada, seja por um antropólogo, seja por um pneumologista.
só consegui ver a performance de nelson e, ainda assim, meio desconcentrada.
quase toda minha atenção dirigia-se a controlar a tosse que me aflige desde domingo, fruto do vento do mar de copacabana durante concerto do projeto aquarius.
no início da sinfonia, tive de sair da sala para tossir e não consegui mais voltar.
sentei nos sofás redondos do hall de entrada do municipal - antes amarelos, pós-reforma eles agora são verdes -, onde fiquei por alguns bons minutos apreciando detalhes do restauro do teatro, enquanto meus amigos apreciavam o schumann de isaac karabtchevsky.
salas de concerto costumam reunir incomum quantidade de pessoas com tosse. vá ao teatro ou a uma sessão de cinema e o número de gente tossindo não é tão grande.
todos temos nossos dias de gripe e resfriado, especialmente nos momentos mais frios do ano. muitas vezes estes dias coincidem com concertos imperdíveis, como era o caso de ontem.
mas, sei não, acho que a tosse nos concertos merecia uma reflexão mais aprofundada, seja por um antropólogo, seja por um pneumologista.
terça-feira, 1 de junho de 2010
itinerância orquestral: mixed feelings
estava editando hoje o texto "brasil clássico em junho, off rio-sp", apurado e escrito por meu assistente, o jornalista eduardo carvalho, quando me deparei com o seguinte texto:
o texto se refere à itinerância orquestral da filarmônica de minas gerais neste mês de junho.
itinerância orquestral é o tipo do assunto que me desperta mixed feelings.
por um lado, adoro ver os grupos circulando por seus estados, às vezes pelo brasil e, raros casos, por outros países.
o que mais gosto mesmo é a circulação dentro do estado de origem da orquestra. quanto mais fora do espectro da capital, mais alegre fico em receber e divulgar a notícia. como nesse caso da filarmônica de mg: eles vão levar música clássica a tupaciguara, no norte do triângulo mineiro!
por outro, fico intrigada e encafifada por que orquestras com sede no rio de janeiro pouco ou nada circulam por nosso estado. é mais fácil ouvir a orquestra sinfônica brasileira em são paulo do que em niterói ou petrópolis.
ok, é mais fácil arranjar as condições adequadas para receber a osb em são paulo do que em niterói ou petrópolis....
mas, sei não, esse complexo de guanabara que ainda assola nossa capital e nos faz dar insistentemente as costas para o estado do rio bem que poderia ser diferente no que tange ao mundo orquestral.
no dia em que eu receber um release de itinerância orquestral por nova friburgo, campos, paraty, barra mansa, cabo frio, natividade e afins, serei uma jornalista mais feliz.
Fechando o mês, o conjunto fará duas turnês estaduais, passando por cidades como Tupaciguara (17/06), Araguari (18/06), Uberlândia (19/06), Pouso Alegre (24/06), Alfenas (25/06), Poços de Caldas (26/06) e Guaxupé (27/06).
o texto se refere à itinerância orquestral da filarmônica de minas gerais neste mês de junho.
itinerância orquestral é o tipo do assunto que me desperta mixed feelings.
por um lado, adoro ver os grupos circulando por seus estados, às vezes pelo brasil e, raros casos, por outros países.
o que mais gosto mesmo é a circulação dentro do estado de origem da orquestra. quanto mais fora do espectro da capital, mais alegre fico em receber e divulgar a notícia. como nesse caso da filarmônica de mg: eles vão levar música clássica a tupaciguara, no norte do triângulo mineiro!
por outro, fico intrigada e encafifada por que orquestras com sede no rio de janeiro pouco ou nada circulam por nosso estado. é mais fácil ouvir a orquestra sinfônica brasileira em são paulo do que em niterói ou petrópolis.
ok, é mais fácil arranjar as condições adequadas para receber a osb em são paulo do que em niterói ou petrópolis....
mas, sei não, esse complexo de guanabara que ainda assola nossa capital e nos faz dar insistentemente as costas para o estado do rio bem que poderia ser diferente no que tange ao mundo orquestral.
no dia em que eu receber um release de itinerância orquestral por nova friburgo, campos, paraty, barra mansa, cabo frio, natividade e afins, serei uma jornalista mais feliz.
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