quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Os comentários da MEC FM, aqui no blog

Desde julho de 2010, meu programa diário na MEC FM do Rio de Janeiro (98.9Mhz) tem sido destinado a refletir sobre questões do mercado de música clássica.

A rádio coloca os comentários de 3-4 minutos no ar, sempre às 13h. Às vezes, disponibiliza podcasts.

Como alguns ouvintes têm me contactado pra pedir os textos dos comentários, achei que seria uma boa ideia disponibilizá-los aqui no blog. Aos poucos, vou colocando o lote completo.

Vou começar pelos que foram ao ar em julho de 2010. Um lote de 12 comentários, cujo primeiro foi esse que reproduzo abaixo.

"Ouvido inocente & blindfold test"

Certa vez, a revista inglesa Gramophone publicou artigo de Harriet Smith sobre o "ouvido inocente".

A autora se refere à experiência de ouvir uma música sem saber de que se trata ou por quem foi escrita. Seria uma escuta sem pré-conceitos.

A articulista, que não gosta do compositor Philip Glass, relata uma ida recente a concerto sem saber o repertório da noite. Ela adorou uma das peças que era escrita por quem...? Justo Philip Glass.

Se soubesse de antemão se tratar de uma peça de Glass, seus ouvidos provavelmente estariam preparados para não gostar.

Bem interessante o artigo dela e todo esse conceito do "ouvido inocente". Me remeteu à questão de execução de repertório brasileiro em salas de concerto do Brasil.

É sabido haver um certo preconceito com relação à produção clássica brasileira. Repertórios nacionais atraem menos espectadores do que repertórios estrangeiros. O mesmo diz respeito à presença na mídia. Mozart dá mais Ibope que Francisco Mignone.

Essa história de "ouvido inocente" também me fez lembrar daqueles anúncios de refrigerante em que consumidores usam vendas nos olhos e, sem saber o que bebem, diziam qual sabor lhes satisfaz mais.

O tal do blindfold test - o teste de olhos vendados. Sem ver a embalagem e sem se deixar impregnar de todos os conceitos associados às marcas, o consumidor muitas vezes diz preferir um refrigerante que jamais compraria.

Ouvido inocente, olhos vendados.... se tem um canal que possibilita fartas experiências neste sentido, é a audição de rádio, em especial quando se pega uma peça no meio da transmissão.

Da próxima vez que acontecer a você, em vez de ficar amuado por não saber o que está tocando, aproveite a oportunidade de exercitar o "ouvido inocente", se surpreender e descobrir novos mundos sonoros.

5 comentários:

  1. Oi Heloisa,
    Sou ouvinte atenta do seu programa. Embora só tenha acesso aos podcasts (moro fora do Rio), sempre que posso assisto e compartilho seus comentários com minha família. Gostei muito da ideia do blog.
    Um abraço

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  2. bacanam andrea! agradeço a audiência.

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  3. Algo parecido acontece qdo ouvimos uma música que estamos acostumados a ouvir com um determinado intérprete. A tendência natural é compararmos toda nova gravação desfavoravelmente com a nossa preferida. O ouvido já fica esperando o ritmo, o fraseado "certo" e gera desconforto a surpresa. Até os críticos da Gramophone são vítimas desta armadilha.

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  4. Oi Heloisa, tudo bem?

    Como não moro no Rio, ouço sempre os comentários pelo site da rádio MEC. Adorei encontrar os textos aqui.

    Gostaria de sugerir que você colocasse um link para este blog na primeira página do site VivaMúsica.

    Embora eu tenha o Pensando Clássicos na minha pasta de favoritos, gosto de iniciar minha leitura pelo site. Depois, sempre venho para cá. É uma forma de ter notícias em dois veículos por um mesmo caminho.

    Acho, porém, que se o link estivesse já na primeira página, além de constar na sua página em Equipe, o blog seria mais acessado.

    Sobre este post... bom, ouvir música de olhos fechados é sempre uma onda muito boa de embarcar!

    Fica a sugestão e, como sempre, a torcida pelo sucesso de VivaMúsica e Pensando Clássicos.

    Abraço,
    Eliane.

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  5. Olá, Heloisa,

    A WQXR acaba de tocar "Two Brazilian Tangos, by Ernesto Nazareth", e eu me lembrei dos seus boletins na CBN.

    Infelizmente, nem a rádio MEC, nem a CBN estão funcionando na máquina do trabalho. Assim, não tenho podido ouvir os boletins e as crônicas ao vivo. Mas eu os ouço todos os dias, à noite, em casa.

    Boa semana,
    Abraço,
    Eliane.

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